As Festas de São João de Braga 2025 revestem-se de um simbolismo particularmente denso, ao entrelaçar três eixos fundamentais que realçam o carácter singular desta festividade: a valorização artística e simbólica do território, a consagração nacional de Braga como capital cultural, e o reconhecimento institucional do seu legado imaterial. No ano em que os festejos decorrem sob o prestigiado desígnio de Capital Portuguesa da Cultura, distinção que reforça a centralidade da cidade enquanto polo de produção, reflexão e difusão artística, o São João emerge como uma plataforma privilegiada de afirmação identitária, onde as práticas culturais populares se inscrevem no seio de uma programação mais vasta, em que o erudito e o popular convergem em harmonia.
Neste contexto, a Gala Sanjoanina traz-nos a estreia do espetáculo “Chão”, que dá voz ao nosso património comum, numa viagem pelas sonoridades do Fado, do Cante Alentejano e das tradições musicais que percorrem o país, do Minho aos Açores. Com a direção artística de Tiago Curado de Almeida e direção musical de Luís Pedro Madeira, o espetáculo contará com as participações de Katia Guerreiro, Miguel Moura, Daniel Pereira Cristo, polifonias minhotas, Os Cantadores do Desassossego, David Pereira, Guilherme Colaço e Sofia Ramo. Neste encontro entre terra e canto, unem-se Braga e Ponta Delgada, Capitais Portuguesas da Cultura, e Évora, Capital Europeia da Cultura, num tributo à riqueza imaterial de um povo. Entre o passado e o presente, entre raiz e identidade, “Chão” evoca a memória coletiva e celebra a força de um património vivo, como um regresso à terra que nos sustenta, ao canto que nos une e à cultura que nos define
Em simultâneo, o projeto “Clube Raiz”, que integra a programação oficial da Braga 25, pretende criar um ecossistema para a celebração e promoção da música tradicional existente na cidade e na região. Este projeto também se cruza com a programação das Festas da cidade, através de uma arruada com os grupos de percussão tradicional, que testemunha a vibrante vitalidade cultural local, numa celebração da união, da tradição e da alegria que se manifesta em cada batida dos tambores, contagiando todos os que têm a sorte de fazer parte desta experiência sonora. Em simultâneo, Ana Lua Caiano e Bandua, fundem-se num concerto entre dois nomes fundamentais para a nova vida da música tradicional portuguesa. Estes artistas unem forças para criar um concerto colaborativo que transcende regiões e desafia as expectativas, em que mesclam instrumentos tradicionais e modernos, criando uma simbiose musical que transcende as barreiras do espaço e do tempo.
A festa é, pois, celebrada não apenas como tradição viva, mas como veículo de contemporaneidade e de renovação criativa.